A supertempestade geomagnética que iluminou os céus do mundo em maio de 2024 não ficou marcada apenas pelas auroras registradas em latitudes pouco comuns. Pela primeira vez, cientistas conseguiram observar em detalhes como um evento desse porte afetou a plasmasfera, camada de partículas carregadas que envolve o planeta e atua como proteção contra radiação espacial. O estudo, publicado pela revista Earth, Planets and Space, mostra que o impacto foi muito maior do que se imaginava.
Durante o período de 10 e 11 de maio, a tempestade — batizada de Gannon Superstorm em homenagem à pesquisadora Jennifer Gannon — atraiu milhões de pessoas para ver auroras do México ao norte do planeta. Mas, além do espetáculo visual, o fenômeno comprimiu a plasmasfera a apenas um quinto de seu tamanho normal, resultado que chamou a atenção de especialistas em clima espacial.
Compressão inédita da camada protetora
Esses eventos acontecem quando ejeções de massa coronal (CMEs) lançadas pelo Sol atingem o campo magnético terrestre. A interação entre as partículas solares e a plasmasfera provoca um encolhimento temporário dessa camada, que normalmente ajuda a proteger humanos e satélites de radiação mais intensa. Porém, o quanto essa contração poderia chegar nunca havia sido observado com tanta precisão.
A Agência de Exploração Aeroespacial do Japão registrou a supertempestade por meio do satélite Arase. A análise indicou que o limite externo da plasmasfera caiu de 44 mil para apenas 9,6 mil quilômetros acima da superfície terrestre. Embora ainda acima da maioria dos satélites, esse recuo colocou diversas naves em órbitas geossíncronas mais expostas aos efeitos da radiação.
Auroras em latitudes incomuns
Com a camada mais comprimida, o campo magnético terrestre conseguiu carregar partículas energéticas para regiões mais próximas do equador. Esse deslocamento provocou auroras em áreas que, normalmente, não presenciam esse tipo de fenômeno. Nos Estados Unidos, muitos relataram brilho no céu até mesmo em estados do sul e no México, ampliando o alcance visual do evento.
Recuperação lenta e efeitos prolongados
Segundo o estudo, o processo de recuperação da plasmasfera levou mais de quatro dias. Esse tempo, duas vezes maior do que em tempestades anteriores, surpreendeu os pesquisadores. A equipe liderada por Atsuki Shinbori, da Universidade de Nagoya, observou que o aquecimento intenso próximo aos polos reduziu a densidade de íons de oxigênio na ionosfera, atrasando o reabastecimento de partículas que sustentam a plasmasfera.
A redução desse material desencadeou o que os cientistas chamam de “tempestade negativa”, que alterou a química da alta atmosfera e prejudicou o retorno da camada protetora à sua condição normal. Isso impactou a precisão de sistemas de posicionamento como o GPS, além de interferir em operações de satélites e previsões de clima espacial.
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Implicações para futuros eventos
Os dados obtidos podem ser essenciais caso uma nova CME atinja o planeta antes que a plasmasfera se recupere completamente. Durante a Gannon Superstorm, houve relatos de falhas elétricas em satélites, perda temporária de sinal GPS e problemas em equipamentos agrícolas que dependem de navegação por satélite. Para cientistas que estudam o tema, compreender melhor esses processos ajuda no desenvolvimento de estratégias de prevenção.
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